terça-feira, 13 de março de 2012

Kalanchoe pinnata

Sinonímias botânicas: Bryophyllum calycinum Salisb., Bryophyllum germinans P. Fr. M. Blanco, Bryophyllum pinnatum (L. f.) Oken, Bryophyllum pinnatum (Lam.) Kurz, Cotyledon calycina A.G. Roth, Cotyledon calyculata Solander, Cotyledon pinnata Lam., Cotyledon rhizophilla Roxb., Crassuvia floripendia Comm. ex Lam., Crassuvia floripenula Comm., Kalanchoe brasiliensis (errôneo), Kalanchoe pinnata var. floripendula Pers., Sedum madagascariense Clus., Verea pinnata (Lam.) Spreng.

Nomes populares: Folha-da-Fortuna, Saião Roxo, Folha-de-pirarucú, Folha-grossa, Sempre-Viva, Coirama, Coirama Vermelha, Gordinha, Prodigiosa, Erva-da-costa, Folha-da-costa, Orelha-de-monge, Paratudo, Roda-da-fortuna, Air Plant, Lifeplant, Cathedral Bells, Canterbury Bells, Floppers, Mexican Love Plant, Mother-in-Law Plant, Miracle Leaf, Sprouting Leaf, Sprout Leaf Plant, Leaf of Life, Resurrection Plant, Life Plant, Tree Of Life, Monkey Ears (Monkeys Ear), Goethe Plant, Wonder of the World, Floppers, Bruja, Yerba de bruja, Flor de aire, Siempre Viva, Hoja Del Aire, katakataka, kataka-taka.

Família: Crasulaceae

Espécies assemelhadas: Pode ser confundida com o Saião (Kalanchoe laciniata; K. brasiliensis) ou outras “Folhas-da-Fortuna”, plantas do mesmo gênero que podem formar mudas adventícias em vários pontos das bordas das folhas. Este último erro também é muito freqüente em sites estrangeiros, onde várias espécies de Kalanchoe aparecem erroneamente como K. pinnata.

Origem: África e Ásia. Foi, porém, introduzida pelo homem em quase todo o mundo.

Características: Esta crassulácea é uma planta perene. É uma herbácea, mas muitos trabalhos a classificam como subarbusto, pelo tamanho que pode obter e pelo fato de várias plantas com raízes no mesmo ponto darem a impressão de uma planta arbustiva. As folhas são muito variadas, podendo ser simples, tendendo ao formato oval e arredondado na base, ou então, nas folhas mais velhas, serem compostas imparipinadas. As suas bordas são serrilhadas, como na maioria das plantas do gênero. Nestes pontos da borda, podem surgir mudas adventícias, assim como em suas parentes, mas, diferente destas, as mudas só surgem se as folhas caírem ao chão, e quase nunca enquanto ainda estiver na planta. Os botões flortais têm a inusitada característica de ‘estourarem’ se pressionados, pois são hermeticamente fechados até a abertura da flor. As suas flores de coloração rósea apresentam-se em cachos no ápice da planta, sendo que a maior parte dela fica escondida dentro das sépalas. Os frutos são constituídos de cápsulas semelhantes às de outras Kalanchoe, porém maiores. As sementes são minúsculas, como as de eucalipto.

Cultivando em Florestas de Suculentas: Eu não me lembro ao certo quando conheci esta espécie, de tão comum que ela é em nosso meio. Lembro-me apenas de, quando a idéia de fazer Florestas de Suculentas começou a se formar em minha cabeça, logo incluí essa espécie no meu ‘projeto’. Mas eu temia uma coisa: que ela se tornasse muito maior do que as suas companheiras e logo dominasse o ambiente, descaraterizando-o. É que esta suculenta está entre as grandalhonas do hobbie: não raro chega a um metro de altura quando cresce em terra boa, podendo ultrapassar muito isso quando se ‘estica’ em busca de luz ou está para florescer. A solução que tenho encontrado (além de plantá-la apenas em manchas de solo mais pobre da FDS) é de plantá-la em volta dos vasos das FDSs, e não dentro deles. Como os vasos normalmente são mais altos em relação ao solo em seu redor, a espécie fica muito bem caracterizada e, na verdade, até expande a Flores de Suculentas para fora dos limites do vaso.

Esta é uma espécie interessante de muitas maneiras. Por ser planta de locais secos onde a polinização não é garantida, ela se reproduz assexuadamente com facilidade. Por esta razão, Kalanchoe pinnata é hoje uma espécie subespontânea em muitas partes do mundo, inclusive no Brasil. Isto significa que, embora ela não consiga surgir sozinha em um ambiente, se alguém a plantar ela continua persistindo sozinha naquele ambiente, sem a ajuda do homem, e competindo com as demais plantas do local. Por essa razão, é frequentemente encontrada em locais de vegetação silvestre, sobretudo em dunas, capões e áreas de cultivo abandonadas. Além disso, é uma planta reputada como medicinal em praticamente todo mundo, o que se pode perceber pelo seus nomes populares em outras línguas “Planta da Vida”, “Erva de Bruxa”, e pelo nacional “Paratudo”. (Veja nos links ao final deste artigo os seus usos e contra-indicações como medicinal.)

Dentro da FDS, ela é responsável por uma série longa de interações ecológicas. Primeiramente, ela se reproduz dentro da FDS, gerando mudas nos locais onde suas folhas caem, inclusive dentro das rosetas de mini Espada-de-São-Jorge (as quais normalmente acumulam detritos que caem do alto da Floresta de Suculentas). Em segundo lugar, por ser uma planta comestível. Alguns sites estrangeiros a citam como venenosa, porém eu mesmo consumo algumas folhas de vez em quando, e jamais tive qualquer problema (em todo caso, pessoas com pressão baixa e hipotiroidismo devem evitá-la). E também animais herbívoros a consomem, embora nunca em quantidade o suficiente para prejudicar a planta. No exato dia em que estou escrevendo este artigo, percebi um amontoado de folhas da espécie caídas dentro da FDS onde vários buracos têm aparecido nos últimos dias (nas folhas caídas apenas, e não nas que estão nas plantas); quando mexi nas folhas, descobri lá dentro um gafanhoto de porte médio, que provavelmente está ali faz vários dias, se alimentando delas. Mas também noto buracos ocasionais em folhas que ainda não caíram. Além disso, é provavelmente a planta que mais atrai pulgões, dentre todas as minhas suculentas. Eles se acumulam nos brotos novos e dentro das flores, e não causam dano aparente à planta – exceto por algumas folhas deformadas ocasionais. Enquanto estão dentro das flores, os pulgões praticamente não sofrem ataques das joaninhas ou outros predadores, mas no momento em que as flores começam a morrer, os pulgões precisam procurar outros locais, e aí as joaninhas aparecem (às vezes em grande número) e caçam tantos deles quanto puderem pegar. Também formigas aparecem dentro das flores, mas é mais provável que estejam ali para ‘ordenhar’ pulgões do que para sugar néctar. Às vezes baija-flores tentar se alimentar em suas flores, mas é muito raro e eles não voltam depois de provarem. É possível ainda que cochonilhas e percevejos suguem a seiva desta planta, mas não tenho certeza.

Após o florescimento, a planta normalmente morre, mas às vezes pode rebrotar, ou mesmo persistir. É pouco comum que suas flores sejam polinzadas em nosso meio, mas não tão raro quanto em outros Kalanchoe. Quando são polinizadas (não sei dizer qual o polinizador), cada flor dá origem a um fruto do tipo cápsula, em tudo semelhante a outras crassuláceas, porém bem maior. As sementes que aí se formam são pequenas como as de eucalipto, mas não pude constatar se são capazes de germinar. É possível ainda polinizá-la artificialmente, inclusive cruzando com outras parentes próximas.

Interações (pragas/doenças/outros): A planta é extremamente resistente, mesmo sendo comestível. Alguns animais, como gafanhotos, grilos e lesmas grandes são capazes de se alimentar de suas folhas, mas sempre em pequenas quantidades. A planta é muito atacada por pulgões, que podem até deformar algumas folhas, mas sem danos maiores que este. Animais maiores, como galinhas e outros herbívoros domésticos, são capazes de matar esta planta. A espécie persiste no meio, reproduzindo-se assexuadamente, pelo que normalmente nunca precisa ser replantada. Por vezes se percebe também partes maiorees de folhas comidas, sobretudo nas grandes folhas velhas próximas do chão – possivelmente ação de animais mastigadores, como lesmas, grilos ou baratas.

Por ser muito atacada por pulgões, a planta também atrai bastante os seus predadores, sobretudo as joaninhas. Tesourinhas (o inseto), teias de aranha, vespinhas minúsuclas e outros pequenos predadores de pulgões também podem aparecer. Se a FDS ou jardim forem ecologicamente diversificados e saudáveis, estes animaizinhos por si só conseguem manter os pulgões sob controle. Muitas vezes os pulgões se instalam dentro de suas flores (que lembram pequenos balões) e lá eles conseguem ficar a salvo de predadores, aumentando em número absurdamente. Porém, a planta parece não sofrer com isso, e, quando a flor morre, os pulgões têm de sair e enfrentar o mundo de qualquer jeito.

Além dos pulgões, também cochonilhas e ácaros podem atacar seus brotos, deformando-os. Porém, são menos comuns. Lagartas-minadoras (larvas de certas mariposas que comem as folhas por dentro) também podem ocasionalmente aparecer, mas são muito raras. Semelhantemente a tais mariposas, na Ásia esxiste uma bela espécie de borboleta (Talicada nyseus) cuja lagarta se alimenta de folhas desta planta e de outras do gênero Kalanchoe. A borboleta põe um ou mais ovos nas folhas, e quando as lagartas nascem entram nos tecidos das folhas, comendo-as por dentro. Depois de grandes, saem e fixam seu casulo no caule, até virarem uma nova borboleta. Aparentemente, esta praguinha não ocorre aqui no Brasil.

A espécie também pode ser atacada por doenças causadas por fungos, especialmente se elas ficam em local de pouco sol e muita umidade, ou em solos muito pobres. Alguns destes fungos são bem conhecidos de agrônomos e agricultores, pois causam doenças em plantas de cultivo. Os fungos que mais comumente causam problemas são Botrytis, Cercospora, Cladosporium, Rhizoctonia, Fusarium. Partes mortas/apodrecendo grandes nas folhas costumam ser causadas por Botrytis; já pontos doentes isolados nas filhas são sinais de Cercospora e/ou Cladosporium. As plantas deste gênero podem ainda ser atacadas por doenças causadas por vírus e bactérias, sendo que existe um vírus específico delas, o vírus do mosaico do Kalanchoe, que cujas manchas aparecem nas folhas. Na prática, podem ser atingidas por todas as doenças que afetam os Kalanchoe de floricultura, mas são bem mais resistentes.

Propagação: Pode ser obtida facilmente através de estaquia de folhas. Plantas arrancadas com ou sem raíz também dão boas mudas.

Tolerância a umidade: Bastante boa, tolerando facilmente pequenos periodos de alagamento e locais onde outras suculentas acabariam sofrendo com podridão.

Floração: Com predominância no final do inverno, mas encontram-se indivíduos florescendo em qualquer estação do ano com certa facilidade.

Galeria de imagens:

Kalanchoe pinnata dentro da FDS Exemplares da espécie em uma Floresta de Suculentas Kalanchoe pinnata na Floresta de Suculentas

FDS com Kalanchoe pinnata fds Borboleta da couve em Kalanchoe pinnata

Kalanchoe pinnata Kalanchoe pinnata2 Kalanchoe pinnata_diabrotica

Cupim alado pousado em Kalanchoe pinnata pela manha Cupim alado encontrado morto em teia de aranha em Kalanchoe pinnata3 Cupim alado encontrado morto em teia de aranha em Kalanchoe pinnata2

Cupim alado encontrado morto em teia de aranha em Kalanchoe pinnata Pulgões em  Kalanchoe pinnata pulgões

Kalanchoe pinnata em floracao

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